segunda-feira, 27 de julho de 2015

[Creepypastas] O palhaço risonho

O palhaço risonho é um animatrônico, daqueles que podem ser encontrados em circos. Você insere uma moeda e ele começa a falar. A única coisa que ele faz é contar piadas. O palhaço não é assustador. É apenas um pouco estranho. Tem um rosto branco, normal, pintado com tinta branca para rosto. Ele também possui o tradicional narigão vermelho. Porém, sorri apenas quando alguém insere uma moeda. Enquanto não se insere uma moeda, ele permanece inativo, com feições extremamente depressivas. Ele possui um estranho cabelo amarelado, fino e grudento. Ele não possui cor nos olhos. Apenas um pequeno ponto preto como pupila, cercado por um vívido branco.

Agora devo falar um pouco sobre mim. Sou um ávido colecionador de animatrônicos. Tenho preferência pelos mais antigos, pois são os mais antigos que carregam grandes histórias. Encontrei esse palhaço em uma revista local de vendas. Eu só tinha visto apenas um animatrônico em uma revista dessas desde a primeira edição que recebi. Então, naturalmente liguei para o vendedor e falei a quantia que pagaria por ele. Não tenho problemas com dinheiro. Como sou um homem rico, os preços não me incomodavam. Ele me pediu que fosse à casa dele dentro de dois dias, ás 4 da tarde, para buscar o animatrônico. Ele não parecia ser um cara rico, e pela aparência, ele parecia ter enfrentado muitos acidentes ou brigas de rua, já que o rosto possuía várias cicatrizes.

Ele me cumprimentou, me levando para uma pequena cozinha e me oferecendo café. Eu aceitei, pois já estava me sentindo exausto as 4:13. Ele até me ofereceu o almoço, e eu já estava entretido com todas aquelas tentativas de fazer amizade. Após o café, já tínhamos nos tornado amigos, e eu já estava quase esquecendo do objetivo da minha visita. Surpreso com isso, resolvi perguntar se poderia ver o animatrônico. Tão logo as palavras saíram da minha boca, ele me encarou com descrença. Talvez ele estivesse me distraindo, esperando que eu esquecesse do animatrônico. Mas eu estava bastante ansioso para adicionar algo novo em minha coleção. Continuei perguntando educadamente, até que ele se cansou de delongar e levantou-se, se aproximando de uma porta lacrada com correntes.

Não entendi os motivos pelo uso das correntes, e também não era da minha conta. O homem parecia estra passando dos cinquenta. Eu não queria incomoda-lo perguntando a idade. Finalmente ele abriu a porta, revelando um corredor decorado com toques femininos. Já que não tinha visto nenhum outro toque feminino pela casa, presumi que a esposa daquele homem já tinha falecido. Também percebi algumas fotos de um garoto que aparentava ter treze anos, provavelmente era o neto. Agora o homem lutava para destravar outra porta lacrada com correntes. Após remover as correntes, ele gesticulou para que eu me aproximasse e destrancasse a porta, usando uma grande chave enferrujada.

Abri a porta lentamente, com uma pontada de medo do que poderia encontrar ali atrás. Abri a porta pela metade e espiei o que havia dentro do local; um palhaço animatrônico com um grande título em letras azuis e vermelhas, “PALHAÇO RISONHO”. As letras eram grandes e brilhantes. Aquela era realmente a mercadoria que eu pretendia comprar. Entrei lentamente no quarto. Os olhos do palhaço pareciam seguir meus movimentos, embora a máquina nem estivesse ligada. O homem me pediu que eu a ligasse. Ele parecia bastante nervoso. O quarto estava muito decadente, como se fizesse parte de uma casa abandonada. As cores desbotavam das paredes de madeira podres. Não havia janelas. E o ar estava impregnado com o cheiro de mofo. A podridão que tinha tomado as paredes, parecia estar se espalhando por todo o quarto.

Caminhei para trás da máquina, ouvindo o chão estalar sob meus pés. Me abaixei ao lado da máquina, temendo a qualquer momento dar de cara com uma barata. Procurei pelo cabo de energia e o encontrei coberto por uma grande camada de poeira. Procurei pela tomada e conectei o cabo, rezando para que funcionasse. Eu não costumava carregar trocados em meus bolsos, então sinalizei para o homem e ele pôs a frágil mão dentro de uma carteira e pegou algumas moedas. Inseri a moeda no local certo e os olhos robóticos do palhaço se acenderam com um brilho branco, e logo, todo o corpo ganhou vida.

“Olá! Como vai?” Ele falou em uma voz alta e eletrônica.

Fiquei muito emocionado ao ver que ele ainda funcionava, mas o homem estava bastante sério, como se estivesse triste pelo animatrônico ainda estar funcionando. Eu já estava prestes a perguntar qual era o problema com ele, quando de repente.

“Quer ouvir uma piada? Por que a galinha atravessou a estrada?”

Ele me interrompeu com essa frase, e acabei dando uma risadinha ao ouvi-lo falar.

“Para chegar ao outro lado, oras!

Ele continuou, enquanto sua boca mexia fora de sincronia com o que ele falava. Fiquei estático, percebendo que ele estava funcionando perfeitamente. Assim que os olhos do palhaço ficaram brancos, indicando que ele estava desligado, paguei ao homem o valor combinado e acrescentei um pouco mais pela hospitalidade. Ele sorriu e se despediu quando acabamos de colocar o animatrônico em minha pick-up. Peguei o caminho de volta para a minha casa, passando pelas ruas noturnas e vazias. Enquanto dirigia, em um momento pensei ter ouvido um som, como o de uma criança tentando abafar a risada. No momento fiquei assustado, mas logo me tranquilizei eu lembrar que a pick-up já não era tão nova, e carros velhos costumam produzir sons estranhos.

Cheguei em casa quase à meia noite, e enquanto descarregava o animatrônico do fundo da pick-up, percebi algo estranho. O palhaço estava em uma posição diferente da que eu o havia deixado. Antes, ele estava sorrindo e seus braços estavam para cima, como se estivesse comemorando algo. Agora, ele estava sério, quase depressivo, e seus braços estavam caídos ao lado do corpo.

Mesmo com dificuldade, consegui carrega-lo para dentro, e o coloquei em uma sala ao lado do meu quarto. Era a sala onde eu guardava a minha coleção. Eu o coloquei entre o meu stormtrooper em tamanho real e o meu T-Rex animatrônico. Fui dormir, porém, alguns momentos depois fui acordado por uma risada infantil que vinha do meu porão. Pus os meus óculos e saí do quarto. Passei pelo corredor escuro, ainda ouvindo os risos. Eu não tinha filhos, então os risos no porão me deixaram assustado. Encontrei o interruptor e liguei as luzes da escada que levava para baixo. Desci lentamente, enquanto a minha mente formulava várias possíveis criaturas que poderiam saltar da escuridão para cima de mim.

Mas nada saltou de lugar algum. No entanto, quando entrei no porão, ouvi risos e sussurros infantis espalhando-se pelo ambiente, como se tivesse alguma criança correndo por todos os cômodos. E foi a partir desse dia que passei a ter medo de palhaços, pois a única coisa fora do normal que encontrei no porão, foi o grande nariz vermelho do palhaço risonho, jogado em um canto afastado.

Após vários minutos controlando o medo e a tremedeira em minhas pernas, resolvi verificar a sala onde o palhaço risonho deveria estar. Porém, ao verificar a sala, encontrei a cabine do palhaço caída de lado, com vários pedaços de vidro partido ao redor, e ainda plugado na tomada. Mas o palhaço não estava lá dentro. Havia apenas um grande buraco no vidro. Um buraco grande o suficiente para que a coisa disfarçada de palhaço pudesse sair...

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